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Carro: gigantes Renault e Stellantis têm planos otimistas para o Brasil; entenda

A Renault vai apresentar ao mercado em 25 de outubro o Kardian, modelo que entra em cena para rivalizar com Fiat Pulse, Nissan Kicks e Chevrolet Tracker, além de outros. Mais do que uma estratégia de negócio, o lançamento do SUV compacto marca o fim de um ciclo de investimentos de R$ 2 bilhões iniciado pela montadora francesa no ano passado — os aportes no Brasil somam R$ 3,1 bilhões desde 2021. Mas se engana quem pensa que a operação nacional dá o assunto por encerrado. Em entrevista à DINHEIRO, Ricardo Gondo, presidente da bandeira no País, afirmou que já discute a possibilidade de novos investimentos. E a justificativa é mais do que plausível: “Somos o terceiro maior mercado da Renault no mundo”.

As conversas com a matriz, na França, já começaram, mas ainda não existe um número fechado. Segundo o executivo, normalmente são ciclos de dois ou três anos, como ocorreu em 2022 e 2023.

Ou de pelo menos um ano, a exemplo do final de 2021 e início do ano passado. “A gente está trabalhando nisso para poder anunciar em breve”, afirmou Gondo.

O novo aporte deve ser revelado após a divulgação da segunda fase do Rota 2030, o Mobilidade Verde, previsto para ocorrer nas próximas semanas.

O programa mudará o critério para o cálculo energético, passando a considerar o que o carro emite de carbono do poço à roda e não mais apenas do motor à roda.

Isso deverá levar a incentivos aos modelos eletrificados que são mais ecologicamente corretos se for levado em conta até as emissões para conseguir as fontes de energia que os movem.

O executivo acredita que o próximo ciclo de investimento deve ser curto pelo fato de o complexo industrial em São José dos Pinhais (PR) já ter uma plataforma (CMF-B), normalmente o investimento mais alto e que permite a produção de diferentes modelos.

“E a gente já está industrializando. Já estamos montando a pré-série do Kardian, com lançamento mesmo no início do ano que vem”, disse. “Em seguida, você consegue colocar outras carrocerias. Vamos trazer mais novidades, mas não posso revelar ainda.”

Produtos não faltam no portfólio da marca, que produz no local os modelos Logan, Stepway, Captur, Duster, Master e Oroch.

A Renault também avança no segmento de eletrificados. A montadora já vende no Brasil o Megane E-Tech 100% elétrico, importado da França e com versão única de acabamento, por R$ 279,9 mil. O modelo tem como concorrentes diretos o BYD Yuan Plus e o Volvo C40. Além dele, a bandeira já disponibiliza aos clientes os eletrificados Kwid E-Tech, Kangoo E-Tech e Master E-Tech.

“Estamos discutindo com a matriz a possibilidade de novos investimentos, mas ainda não existe um valor definido.”
Ricardo Gondo, presidente da Renault Brasil

Alíquota

Apesar da redução dos preços e do aumento das vendas dos modelos eletrificados, o presidente da Renault se disse favorável à retomada do imposto para a importação de veículos, que teve a alíquota de 35% zerada a partir de 2015.

Ele defendeu o retorno da taxação para equilibrar o mercado e incentivar a produção nacional, em linha com o que defende a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). “A gente concorda em aumentar o imposto de importação. Porém, tendo cotas para quem tem fábrica e produz no Brasil”, disse Gondo. “O que a gente precisa é de um período de transição e que não tenha um mercado aberto para todo mundo poder importar sem cobrança de imposto.”

O executivo destaca o crescimento do segmento de carros eletrificados no Brasil, mas disse que a transição será mais lenta. Os veículos eletrificados, mais precisamente os 100% elétricos, são o futuro no Brasil e no mundo, de acordo com Gondo.

Mas a discussão passa por dois termos: o primeiro é saber a quanto tempo corresponde esse futuro. “Pode ser amanhã, daqui a cinco, dez, 20 ou 30 anos”, disse. E, segundo, é saber como será feita a transição para chegar aos modelos 100% puros, o que envolve antes a comercialização de unidades híbridas, por exemplo. “Vai ser longa essa transição. Além disso, no Brasil temos algo que o resto do mundo não tem: o etanol. Então, teremos o veículo híbrido flex.”

Stellantis investe R$ 2,5 bi em Porto Real

A Stellantis, conglomerado que reúne marcas como Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën, anunciou investimento de R$ 2,5 bilhões na fábrica de Porto Real, no Rio de Janeiro.

O ciclo de aportes ocorrerá até 2025, para criação de produtos, pesquisa e desenvolvimento, além de modernização das instalações, sistemas e equipamentos da unidade industrial.

“O polo automotivo de Porto Real é estratégico para o futuro de nossa empresa e para o desenvolvimento de uma mobilidade sustentável e acessível”, disse Antonio Filosa, presidente da Stellantis para a América do Sul e que, a partir de 1 de novembro, assumirá o posto de CEO global da marca Jeep.

“Suas instalações receberam importantes investimentos nos últimos anos e, além disso, os sistemas e equipamentos de produção estão atualizados com as referências tecnológicas globais da Stellantis.”

A planta de Porto Real é uma das cinco unidades produtivas da Stellantis na América do Sul — há outras duas no Brasil, em Minas Gerais e Pernambuco. Do total investido, R$ 330 milhões foram aplicados no desenvolvimento de uma variante da plataforma CMP, que está apta para ser utilizada em modelos de diversas marcas do grupo, sendo também compatível com motorização térmica, híbrida e elétrica.

A plataforma servirá como base para a continuidade da inovação do grupo e coloca a fábrica em condições técnicas de produzir veículos híbridos, adotando a recém-anunciada tecnologia Bio-Hybrid.

A plataforma CMP é a base do projeto C-Cubed, que designa nova família de veículos composta por três modelos.

O primeiro a ser lançado foi o novo Citroën C3. O próximo modelo será o novo Citroën C3 AirCross, a ser fabricado no local. A família se completará com um terceiro modelo que está em desenvolvimento e representará incremento de produção do local nos próximos anos.

“Além disso, o polo de Porto Real está preparado para receber modelos das diversas marcas que compõem a Stellantis. É uma planta estratégica para o desenvolvimento do grupo na América do Sul”, afirmou Filosa, que será substituído na América do Sul pelo executivo Emanuele Cappelano, atualmente CEO para América do Norte.


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