Antonio Carlos Teixeira Álvares diz que inovar é essencial para qualquer empresa e tem de envolver do CEO ao chão de fábrica. Foto: Everton Amaro/Fiesp

Diretor da Fiesp diz que inovar tem de envolver do CEO ao chão de fábrica

Inovação precisa ser horizontal

Em seminário, diretor da Fiesp Antonio Carlos Teixeira Álvares diz que inovar é essencial para qualquer empresa e tem de envolver do CEO ao chão de fábrica

Alex de Souza

A inovação é essencial para qualquer empresa que queira se diferenciar em seu mercado. Por isso, algumas investem milhões em pesquisa para encontrar o melhor caminho para serem mais competitivas. O tema foi tratado no seminário Inovação Horizontal realizado pela Fiesp, na terça-feira (17/6), com transmissão pelo canal da Fiesp no YouTube.

“Inovar não é responsabilidade exclusiva de laboratórios ou setores de pesquisa e desenvolvimento. A inovação precisa permear toda a organização, de forma horizontal, onde todos, desde o CEO até o colaborador do chão de fábrica, são agentes de transformação”, afirmou o diretor titular do Departamento de Competitividade e Tecnologia (Decomtec) da Fiesp, Antonio Carlos Teixeira Álvares.

Para ele, a busca por competitividade e sobrevivência no mercado não depende apenas de grandes investimentos em tecnologia, mas de uma cultura capaz de envolver todos os colaboradores no processo de inovação, o qual ele designou como inovação horizontal.

Inovar a forma de inovar – Diferente dos modelos tradicionais, que centralizam a geração de soluções em departamentos específicos, a inovação horizontal propõe que todos os colaboradores da empresa, independentemente do cargo que ocupam, participem do processo criativo, ao sugerir melhorias, propor soluções e até desenvolver novos produtos ou processos.

“Ter inovação como estratégia vai muito além de investir em pesquisa ou marketing. É incentivar a criatividade coletiva para gerar valor de novas maneiras”, afirmou. Teixeira também destacou que inovação não é sinônimo de tecnologia. “A maioria das inovações não é tecnológica, e sim organizacional, de processos ou de modelos de negócio”.

Ele lembrou exemplos práticos da importância de inovar de forma contínua ao citar o caso da Kodak, que dominou o mercado de filmes fotográficos durante mais de um século, mas que foi à falência em 2012. “Curiosamente, foi a própria Kodak que desenvolveu a fotografia digital, em 1975, mas optou por não investir na tecnologia para não ameaçar seu modelo de negócio tradicional”.

Por outro lado, empresas como Google e Whirlpool são referências globais em inovação horizontal. “O Google, por exemplo, permite que seus funcionários dediquem 20% do tempo de trabalho a projetos próprios, iniciativas que deram origem a produtos como o Gmail. Eles entenderam que a inovação está nas pessoas, em todos os níveis”, pontuou.

No setor industrial, a Whirlpool também adotou o lema “inovação a partir de todas as pessoas e lugares”. Com isso, deixou de concentrar esforços apenas em departamentos técnicos e passou a incentivar ideias vindas das linhas de produção, da logística e de qualquer área da empresa.

Contratados como inventores – Um dos maiores exemplos de como ocorre a inovação horizontal está na Brasilata S.A. Embalagens Metálicas. Com 1.250 colaboradores, há mais de 40 anos a empresa mantém o projeto “Simplificação”, que somente em 2024 recebeu cerca de 38 mil ideias, o equivalente a 30 sugestões por funcionário, com 90% delas sendo implementadas.

“Na Brasilata, toda pessoa admitida já entra registrada como inventora, o que gera um enorme senso de pertencimento e engajamento. A inovação não é um projeto paralelo, é parte da rotina”, afirmou Tiago Heleno Forte, CEO da empresa.

Apesar dos benefícios comprovados, a adoção da inovação horizontal ainda é um desafio no Brasil e no mundo. De acordo com pesquisa do Senai-SP, de 1.885 indústrias paulistas, apenas 137 declararam possuir um sistema formal de captação de ideias dos empregados. E, desse total, somente duas disseram receber mais de duas ideias por colaborador por ano.

“O grande diferencial não é só captar ideias, mas criar canais efetivos de comunicação, quebrar barreiras hierárquicas e transformar o conhecimento tácito em explícito, ou seja, documentado e incorporado à cultura da empresa”, explicou Roberto Marcos Kalili, professor da Ânima e conselheiro do Conselho Superior de Inovação e Competitividade (Conic) da Fiesp.

Kalili reforçou que inovar deve ser um processo contínuo, em que cada avanço se torna o ponto de partida para um novo ciclo de melhorias. “A cada passo que se conquista, nasce um novo ponto zero”.

Por fim, Teixeira disse que as empresas verdadeiramente inovadoras são raras: “Cerca de apenas 2%. Isso porque poucas conseguem desenvolver uma cultura profunda e duradoura de inovação. Mas é isso que garante não só competitividade, mas também longevidade e relevância no mercado”, concluiu.

Assista na íntegra o Seminário de Inovação Horizontal.

Rede Brasil Inovador

Aldo Cargnelutti é editor na Rede Brasil Inovador. Estamos promovendo os ecossistemas de inovação, impulsionando negócios e acelerando o crescimento econômico. Participe!

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