Lúcia Rodrigues
O mercado global de moda sustentável foi avaliado em US$ 7,8 bilhões em 2023 e está projetado para atingir US$ 33 bilhões até 2030. E cerca de 65% dos consumidores de todas as gerações estão dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis.
Os dados foram apresentados por Carolina Pavese, professora da FIA Business School, na reunião do Comitê da Cadeia Produtiva da Moda (Commoda) da Fiesp, na quarta-feira (4/12), e coordenada pelo diretor titular Wayner Machado.
Pavese alertou que a transição para a sustentabilidade vai gerar custos de curto prazo para a indústria da moda. Para implementar plenamente uma agenda ESG (conjunto de padrões e boas práticas que englobam sustentabilidade ambiental, social e governança), a estimativa é que o setor tenha que investir de US$ 20 a US$ 30 bilhões por ano até 2030.
“Mas a boa notícia é que, globalmente, haverá redução de 20% a 30% nos custos operacionais a longo prazo, aumento de até 10% nas vendas e a geração de 24 milhões de novos empregos até 2030”, assegurou Pavese.
Ela citou algumas vantagens da agenda ESG na cadeia da moda: redução de custos operacionais; acesso a novos mercados; reputação e valor de marca; inovação e vantagem competitiva.
Pavese concluiu sua apresentação fazendo algumas recomendações para o setor: transparência nas cadeias de suprimento; descarbonização e economia circular; financiamento sustentável e acesso a mercados externos e incentivar a produção e consumo de produtos sustentáveis.
Para o diretor Wayner Machado, nenhuma empresa terá vida longa se não for sustentável. “Não tem outra saída, a sustentabilidade no setor é vital, é questão de sobrevivência”, afirmou.
Novas experiências de consumo e seu impacto na moda
Além de discutir a sustentabilidade, na reunião também foram apresentados dados de mercado do setor. Segundo pesquisa feita pela Mosaiclab em setembro, 45% dos brasileiros estão interessados em aumentar o consumo de moda nos próximos anos.
O Brasil fica atrás de países como Colômbia (71%), Argentina (62%), Chile (60%), México (59%), Peru (58%), Portugal (52%) e África do Sul (47%). Os dados foram apresentados no Commoda por Cauê Gouveia, especialista em Pesquisa de Mercado.
Entre os brasileiros, o potencial de aumento de consumo de vestuário e calçados é um pouco maior nas mulheres entre 41-50 anos (50%). Entre março e agosto de 2024, 59% dos consumidores compraram nos últimos seis meses; 45% pretendem aumentar o consumo nos próximos anos e 39% sentiram que subiu o preço no último ano e por isso diminuíram o consumo.
Outro dado apontado pela pesquisa é que, no segmento de vestuário e calçados, a compra online está quase igual em volume à compra em loja física, sendo que a experiência na loja online é 63% melhor. Porém, quando a loja física traz um diferencial de experiência, isso é mais valorizado pelo cliente.
“Isso é um indicativo de que as compras online tendem sim a aumentar cada vez mais porque o consumidor está apreciando essa experiência, mas isso depende da autuação do varejo e do posicionamento das marcas”, pontuou Gouveia.
Os entrevistados disseram que a compra online traz a sensação de bons negócios, valorizam o frete e os descontos. Mas a segurança e a confiabilidade também são fatores decisivos.
“Quem comprou online valorizou mais a facilidade de comprar, bom preço e as condições de pagamento, sensação de segurança e confiabilidade. Já quem comprou em loja física levou em conta a sensação de inovação e modernidade”, apontou Gouveia.
Finalizando, Gouveia disse que, o medo da violência e dos crimes cibernéticos afetam a confiança dos consumidores (49%) e sua disposição para consumir, tanto em ambientes físicos quanto digitais.
FIESP